Quando há dois ou mais casos de dengue em uma determinada localidade e ocorrendo em um mesmo momento, a nebulização é um recurso importante para o combate e controle da doença. Entretanto, o alto índice de recusas por parte dos moradores pode prejudicar o trabalho desenvolvido no combate ao mosquito Aedes aegypti. Neste mês, em cerca de 20% das residências indicadas para receber o fumacê, os agentes da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) de Diadema foram impedidos de entrar para realizar o procedimento.
Entre os motivos alegados estão que a casa está limpa e sem risco, de que não há criadouro de dengue lá ou que já estão doentes, que o cachorro é bravo ou mesmo que não quer receber a equipe. Outra situação vivenciada pelos agentes são as casas fechadas ou sem ninguém para atendimento da equipe.
“Têm pessoas que não querem que tenha nenhuma intervenção na casa, seja vistoria ou a nebulização, e isso dificulta nosso trabalho”, conta o agente de endemias, Marcelo Dias da Silva. “Quanto mais gente deixar fazer o procedimento, mais pessoas vão se ajudar, porque o mosquito não tem fronteira. Ele pica a pessoa independentemente do local”, completa.
Segundo a coordenadora da UVZ, Nanci do Carmo, a recusa coloca em risco toda a vizinhança. “Quando aquela localidade é escolhida para fazer a nebulização é porque há casos de dengue lá, ativos e em alta no momento, ou seja, está tendo a circulação viral naquele espaço”, explica. “Quanto mais a comunidade participar e aceitar a nebulização, maior vai ser o controle do mosquito. Porque se for feito em metade das residências, o mosquito vai continuar voando e, consequentemente, a chance de ele picar a pessoa doente e transmitir a dengue aumenta”, alerta Nanci.
Como funciona
Antes da nebulização, as equipes da UVZ da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realizam todo o bloqueio, que são as visitas para identificação de possíveis focos de dengue, nas ruas em que ocorrem os casos para eliminar criadouros. Como o produto não atinge a fase larval do mosquito, é importante que a população faça a sua parte e elimine todos os possíveis locais de acúmulo de água. Após o efeito do veneno, se ainda houver larvas, elas se tornarão mosquitos adultos e podem transmitir a doença.
A equipe de saúde recomenda aos moradores que portas e janelas permaneçam abertas e alimentos, água e roupas penduradas no varal sejam cobertos ou guardados em local fechado. Os moradores precisam ficar fora da residência durante meia hora após a aplicação do inseticida.
Comedouros e bebedouros de animais e gaiolas com aves devem ser cobertos. Animais de estimação (cães, gatos, pássaros etc) também precisam ser removidos da residência antes da nebulização para evitar riscos para a saúde. Mais informações em https://portal.diadema.sp.gov.br/diadema-realiza-nebulizacao-como-acao-de-combate-a-dengue/.
Cuidado contínuo
Além disso, as equipes estão encontrando muitos criadouros nas vistorias intradomiciliares, “o que ressalta o afrouxamento das medidas de combate”, avalia Nanci. A principal medida de prevenção é a eliminação de potenciais criadouros do mosquito, como caixa d’água, pneus velhos, vasos de planta, entre outros recipientes ou locais que possam acumular água parada.
“O cuidado tem que ser rotineiro, transformando num hábito comum como colocar o lixo para fora ou limpar a casa”, reforça o agente. Até o momento, foram registrados 2.705 casos confirmados da doença e seis óbitos.
Para denunciar sobre riscos e potenciais criadouros do mosquito, a população pode entrar em contato por telefone (0800 7710963), whatsapp (11 40595892), email ccz@diadema.sp.gov.br e aplicativo Colab 156.