Mais anúncios de carregamento por valores abaixo do oficial no Bilhete Único usado nos ônibus da cidade de São Paulo e no sistema de trilhos da região metropolitana surgiram nesta terça-feira, 26 de novembro de 2024, e com mais uma oferta: a possibilidade de os créditos fraudados passarem pelo bilhete “Mãe Paulistana”.
A SPTrans diz que reforçou orientações e fez edição especial do Jornal do Ônibus que começou a circular nesta segunda-feira (25) juntamente com companhas em redes sociais e terminas. A gerenciadora ainda alertou que os passageiros que fizerem compras de créditos ilegais podem ter os cartões bloqueados e perder todo o dinheiro (Ver mais abaixo na íntegra).
Em uma busca na internet, o Diário do Transporte constatou que, nesta terça-feira (26), surgiram mais anúncios de fraudadores, entre os quais, citando a modalidade do bilhete voltada às gestantes cadastradas nas Unidades Básicas de Saúde – UBS e beneficiadas pelo Programa de Proteção da Saúde da Gestante e do Recém-Nascido.
Mas não são apenas anúncios isolados que surgem em comunidades e grupos da internet.
Foram criadas páginas inteiras específicas só para isso, em redes sociais, com a promessa de depósitos de uma quantidade de créditos bem maiores que a desembolsada. Por exemplo: os fraudadores prometem R$ 200 em créditos para quem pagar R$ 100.
Em uma destas páginas, os anúncios prometem que as cargas compradas desta maneira oferecida também podem ser usadas no “Mãe Paulistana”, que é o Bilhete Único custeado pela Secretaria Municipal da Saúde, que garante a utilização do transporte coletivo do Município de São Paulo (ônibus, metrô/trem) às gestantes participantes do Programa de Proteção da Saúde da Gestante e do Recém-Nascido.
Segundo site da SPTrans, esse tipo de cartão não proporciona isenção tarifária. As passagens são custeadas pela Secretaria Municipal da Saúde.
Ou seja, além de custar ao sistema de transportes, as fraudes podem gerar prejuízos ao sistema de Saúde.
Em 03 de outubro de 2024, o Diário do Transporte já havia denunciado a existência de ofertas de recargas com créditos fraudados. Os anúncios ofereciam já uma quantidade de viagens maior que o valor depositado e se a compra fosse legal.
Relembre:
A SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia os ônibus da cidade de São Paulo e o sistema de Bilhete Único diz que reforçou orientações aos passageiros contra as fraudes no cartão.
Em nota, a gerenciadora disse ainda que o uso do Bilhete Único é pessoal e intransferível.
A SPTrans, responsável pela gestão do Sistema de Bilhete Único em São Paulo, segue trabalhando contra as fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica. Entre as medidas adotadas está a orientação aos passageiros para que comprem créditos exclusivamente em canais oficiais, como postos credenciados e aplicativos divulgados no site da empresa. Comprar créditos de origem ilegal pode levar ao bloqueio do cartão, à suspensão de benefícios e à perda dos valores inseridos de forma irregular. Além disso, a SPTrans reforça que o uso do Bilhete Único é pessoal e intransferível. Desde 2021, o cartão sem identificação não é mais aceito no sistema, e o passageiro deve utilizar seu Bilhete Único personalizado para evitar problemas como cancelamento ou suspensão.
Instalação de faixas informativas
Como parte do trabalho de conscientização, desde sábado (23), estão instaladas faixas com mensagens educativas sobre a compra segura de créditos do Bilhete Único em diversos terminais de ônibus da capital. As faixas ficarão posicionadas nas entradas dos terminais ou próximas aos postos de atendimento.
Jornal do Ônibus e canais de informação
Para ampliar o alcance das informações, a SPTrans também utilizará o Jornal do Ônibus, distribuído nos coletivos, a partir de segunda-feira (25) até 9 de dezembro, para alertar sobre os riscos de adquirir créditos ilegais. A edição traz informações sobre os mais de 8.700 postos credenciados e apresenta um QR code que direciona os passageiros para a lista completa de pontos de venda e recarga, além de aplicativos confiáveis.
Os passageiros podem consultar os canais oficiais de recarga e venda no site da SPTrans https://www.sptrans.com.br/recarga . A empresa reforça que adotar práticas seguras é essencial para evitar transtornos e garantir a confiabilidade do sistema de transporte público.
A Polícia Civil de São Paulo diz que investiga existência de quadrilhas especializadas e o Ministério Público instaurou procedimento questionando a Prefeitura de São Paulo sobre as medidas adotadas para evitar e combater as fraudes no Bilhete Único.
HISTÓRICO DE PROBLEMAS COM O BILHETE ÚNICO:
O sistema do Bilhete Único de São Paulo tem histórico de fragilidades e problemas. Já houve vazamentos de dados pessoas de passageiros, bloqueios indevidos e até mesmo a CPTM e o Metrô acionaram a SPTrans na Justiça. Dificuldade de uso, com créditos não aparecendo e problemas em recarga fazem parte do histórico da bilhetagem dos ônibus da capital paulista e dos transportes metropolitanos por trilhos.
Pelo menos desde 2016, quando o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era prefeito, e o secretário de transportes, era Jilmar Tatto, já havia a promessa de melhorar o sistema, deixando mais seguro e mais fácil para o usuário. O mesmo ocorreu com o sucessor de Haddad, João Doria na prefeitura, e com o então secretário, Sérgio Avelleda.
Em 2019, na gestão de Bruno Covas, chegou a ser anunciada uma reformulação tecnológica.
Até agora, entretanto, nada foi mudado substancialmente e os passageiros ainda são expostos a falhas, constrangimentos e até a insegurança sobre seus créditos e dados pessoais.
VAZAMENTO DE DADOS:
Em dezembro de 2022, a SPTrans admitiu o vazamento de dados pessoais de 13 milhões de usuários de ônibus de São Paulo.
O vazamento ocorreu em abril de 2020, mas só foi descoberto em 15 de dezembro de 2022.
Relembre o vazamento: https://diariodotransporte.com.br/2022/12/23/sistema-do-bilhete-unico-e-invadido-e-dados-pessoais-de-13-milhoes-usuarios-vazam-nao-e-necesssario-correr-para-postos-da-sptrans-diz-gerenciadora/
43 MIL CARTÕES BLOQUEADOS INDEVIDAMENTE:
No dia 30 de junho de 2023, 43 mil cartões do Bilhete Único bloqueados indevidamente.
A SPTrans (São Paulo Transporte) teve de providenciar a troca emergencial.
Relembre:
Foram trocados 40 mil dos 43 mil cartões do Bilhete Único bloqueados indevidamente
NUNES DETERMINOU COTAÇÃO DA TECNOLOGIA DO TOP:
As falhas no sistema de Bilhete Único são antigas e a tecnologia é a mesma desde quando o cartão foi implantado na cidade em 2004.
A prefeitura tenta atualizar a tecnologia desde 2019, mas sem sucesso.
No dia 05 de julho de 2023, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse determinou uma cotação da tecnologia usada no Cartão TOP, dos ônibus intermunicipais (EMTU) e dos trilhos, para o sistema de ônibus municipais gerenciados pela SPTrans (São Paulo Transporte).
Relembre e ouça:
O sistema do TOP é ainda alvo de críticas por parte de passageiros e os problemas técnicos, principalmente no início do funcionamento, motivaram o MP (Ministério Público de São Paulo), por meio da promotoria de Defesa do Consumidor, a abrir uma investigação.
Uma suposta venda casada da modalidade crédito nas Lojas Pernambucanas também foi alvo das apurações.
Falhas em recargas, no QRCOde e no funcionamento do TOP diminuíram em relação aos primeiros meses de operação, mas ainda é comum achar diversas críticas dos passageiros, em especial nas redes sociais.
CPTM E METRÔ PEDIRAM À JUSTIÇA PARA SPTRANS SER NOTIFICADA PORQUE VIRAM RISCO DE FRAUDE
Em 26 de abril de 2019, a juíza Carolina Martins Clemencio Duprat Cardoso, da Vara da Fazenda Pública, determinou que a SPTrans – São Paulo Transporte entregasse em um processo movido pela CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, informações sobre a segurança do sistema do Bilhete Único.
As dúvidas da CPTM eram sobre a segurança do sistema de bilhetagem. Entre os exemplos estão riscos fraudes e a exatidão dos dados do Bilhete Único, de responsabilidade da SPTrans.
Relembre:
CPTM vê risco em sistema do Bilhete Único e Justiça notifica SPTrans
Em maio de 2019, a Companhia do Metropolitano de São Paulo também notificou a SPTrans – São Paulo Transporte perante a 11ª Vara da Fazenda Pública para pedir esclarecimentos quanto às perdas de receitas que estava registrando nos pagamentos de passagens pelo Bilhete Único.
As suspeitas apresentadas eram de que estes prejuízos foram gerados por fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica.
Na notificação por parte do Metrô, à qual o Diário do Transporte teve acesso na íntegra na ocasião, a Companhia falou em desequilíbrio de vultosos valores e argumentou que a SPTrans está sendo morosa no tratamento do assunto.
Relembre:
PERDAS MILIONÁRIAS DA CPTM E SUSPEITA DE FRAUDE NO BILHETE ÚNICO
A CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos divulgou no início de 2019, que registou em todo o ano de 2018 perdas de R$ 192 milhões decorrentes do sistema do Bilhete Único gerido pela SPTrans – São Paulo Transporte e uma das principais suspeitas foi de que esta redução de receita nas vendas de créditos tenha sido ocasionada por fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica.
O dado faz parte do Relatório de Administração da CPTM – 2018, de 18 de março de 2019, ao qual o Diário do Transporte teve acesso na época.
O documento ainda dizia que a CPTM estima que de R$ 1,59 bilhão em créditos do Bilhete Único que estão em poder dos passageiros, em torno de R$ 240 milhões são de usuários em potencial da estatal de trens.
O que chamou a atenção da CPTM é que a perda de recursos pelo Bilhete Único ocorreu mesmo com o aumento de 4,3% no número de passageiros transportados em 2018 em relação ao ano de 2017, entre todas as entradas no sistema.
Foram transportados 863,3 milhões de passageiros em 2018. A média de passageiros por dia útil aumentou 4,6%, fechando o ano de 2018 com 2,9 milhões de registros.
Segundo o relatório, os sistemas de bilhetagem eletrônica, das quais o Bilhete Único era o maior, representaram 73,5% do total da receita bruta de prestação de serviços de transportes da CPTM em 2018.
Assim, para a CPTM pareceu pouco lógico aumentar o número de passageiros e haver perdas pelo Bilhete Único.
Relembre:
METRÔ DE SP CONTRATOU AUDITORIA PARA APURAR PERDAS DE RECEITA POR SUSPEITA DE FRAUDE NO BILHETE ÚNICO
O Metrô de São Paulo contratou a empresa Ernst & Young em 16 de abril de 2019 para fazer uma auditoria e verificar porque houve redução de receita em vendas de créditos do Bilhete Único, mesmo com aumento do número de passageiros.
A auditoria vai se debruçar sobre as movimentações dos últimos cinco anos. Somente em 2018, esta redução de receita foi de R$ 160 milhões.
Uma das suspeitas era de que fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica, de responsabilidade da SPTrans – São Paulo Transporte, da prefeitura da capital, tenham motivado o prejuízo.
Relembre:
FRAUDES ACABARAM COM MODALIDADE ANÔNIMO DO BILHETE ÚNICO
Em 07 de junho de 2018, o então secretário municipal de Mobilidade e Transportes, João Octaviano Machado Neto, anunciou o fim do chamado “Bilhete Único Anônimo”.
O motivo foi o alto índice de fraudes neste tipo de bilhete.
“Dos 650 mil bilhetes fraudados que foram apreendidos desde o ano passado, 450 mil eram do tipo do Bilhete Anônimo” – disse Octaviano.
Relembre:
SPTrans acaba com Bilhete Único anônimo por causa de fraudes
FRAUDE POR CELULAR:
O início do ano de 2017 foi marcado para os passageiros de ônibus da capital paulista que usam o Bilhete Único, também aceito em trens e metrô, por longas filas no posto da SPTrans, na região central.
Isso porque, a gerenciadora teve de bloquear mais de nove mil cartões por causa de fraudes detectadas no sistema. Entre janeiro de 2016 e março de 2017, foram 90 mil bloqueios.
Os créditos comprados não iam para a conta da SPTrans e, consequentemente, para as empresas transportadoras e sistema como um todo.
Na ocasião, o estudante de Ciência da Computação, Victor Santiago, em um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) disse que conseguiu detectar uma brecha no sistema que possibilitava fraude até mesmo pelo celular.
Segundo o estudante, na ocasião, o aplicativo da Rede Ponto Certo, aprovado pela SPTrans para recarga de créditos pelo celular, expunha chaves de acesso, uma espécie de código criptografado, para informações do cartão.
Com esses dados, é possível fraudar o sistema, alterar o saldo e transferir créditos – tudo pelo celular.
Relembre:
Falha no sistema do Bilhete Único possibilita fraude até mesmo pelo celular
ATÉ O MÃE PAULISTANA
Mais anúncios de carregamento por valores abaixo do oficial no Bilhete Único usado nos ônibus da cidade de São Paulo e no sistema de trilhos da região metropolitana surgiram em 26 de novembro de 2024, e com mais uma oferta: a possibilidade de os créditos fraudados passarem pelo bilhete “Mãe Paulistana”.
A SPTrans diz que reforçou orientações e fez edição especial do Jornal do Ônibus que começou a circular no dia 25 juntamente com companhas em redes sociais e terminas. A gerenciadora ainda alertou que os passageiros que fizerem compras de créditos ilegais podem ter os cartões bloqueados e perder todo o dinheiro.
Em uma busca na internet, o Diário do Transporte constatou que também em 26 de novembro de 2024 surgiram mais anúncios de fraudadores, entre os quais, citando a modalidade do bilhete voltada às gestantes cadastradas nas Unidades Básicas de Saúde – UBS e beneficiadas pelo Programa de Proteção da Saúde da Gestante e do Recém-Nascido.
Mas não são apenas anúncios isolados que surgem em comunidades e grupos da internet.
Foram criadas páginas inteiras específicas só para isso, em redes sociais, com a promessa de depósitos de uma quantidade de créditos bem maiores que a desembolsada. Por exemplo: os fraudadores prometem R$ 200 em créditos para quem pagar R$ 100.
Em uma destas páginas, os anúncios prometem que as cargas compradas desta maneira oferecida também podem ser usadas no “Mãe Paulistana”, que é o Bilhete Único custeado pela Secretaria Municipal da Saúde, que garante a utilização do transporte coletivo do Município de São Paulo (ônibus, metrô/trem) às gestantes participantes do Programa de Proteção da Saúde da Gestante e do Recém-Nascido.
Segundo site da SPTrans, esse tipo de cartão não proporciona isenção tarifária. As passagens são custeadas pela Secretaria Municipal da Saúde.
Ou seja, além de custar ao sistema de transportes, as fraudes podem gerar prejuízos ao sistema de Saúde.