Sabado, 26 de Abril de 2025

Scania recebe encomenda de 30 ônibus elétricos puros da marca para São Paulo

Segundo o diretor de operações comerciais ao Diário do Transporte, as primeiras unidades do elétrico começam a ser entregues a partir de setembro; quanto ao modelo que roda com GNV e biometano, a ideia da Scania é participar de todo o processo, incluindo a infraestrutura
Por janete ogawa
25 de abril de 2025 - Fonte: Diário do Transporte

A Scania se diz otimista com o movimento de redução de poluição pelos ônibus da cidade de São Paulo, apesar dos entraves em especial relacionados à infraestrutura de recarga de baterias dos modelos elétricos. Isso porque, além de participar do processo de eletrificação, (são mais de 200 chassis para 15 metros, já rodando com tecnologia Eletra e um modelo próprio) vê oportunidades na abertura que somente agora a prefeitura sinaliza dar para outras alternativas, como o GNV (Gás Natural Veicular) e biometano (combustível obtido pela decomposição de resíduos).
Nesta sexta-feira, 25 de abril de 2025, o Diário do Transporte conversou com o diretor comercial da marca, Alex Nucci, que fez revelações exclusivas.
A primeira delas é que o modelo elétrico de dois eixos para carrocerias de até 14 metros, com tecnologia “pura da Scania” começa a ser produzido em linha na planta de São Bernardo do Campo (SP) a partir de maio e há cerca de 30 unidades já encomendadas para o sistema de transportes da cidade de São Paulo. As primeiras entregas ocorrem em setembro e somente neste ano, ao menos 15 coletivos devem ser concluídos deste total de 30.
Em maio, devem começar demonstrações com diversas operadoras de transportes.
Sobre o biometano/GNV, as conversas começaram com os operadores de transportes e a ideia da Scania, segundo Alex Nucci, não é só fornecer os ônibus, mas participar de todo o pacote, auxiliando na infraestrutura e até modelo de negócios, logicamente com empresas parceiras.
Os ônibus GNV/biometano são produzidos pela marca também em São Bernardo do Campo e no mercado nacional, a empresa já fez comercializações, como 15 unidades para Goiânia. Há conversas em Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Na capital paulista, a Scania já forneceu 22 caminhões para coleta de lixo movidos a GNV/biometano com mais unidades a serem entregues.
Leia a entrevista completa:
Alex, como que a Scania vê, e não só como vê, mas como ela pode participar desse movimento, dessa alternativa de transporte menos poluente na cidade de São Paulo?
Quando a gente fala de alternativas sustentáveis aqui para o Brasil, especialmente numa cidade como São Paulo, que é uma grande cidade, ela começa e começou pela eletrificação e a Scania contribuiu com mais de 300 unidades dentro da capital paulista, sendo 200 delas já entregues, ou seja, já foram comercializadas, entregues e operando mais de 500 unidades, do qual 200 a 230 unidades são dos modelos dos veículos Scania.
Mas a eletrificação não é o único modelo de negócio para a cidade paulista. Em conversas naturalmente com os secretários, até com o próprio prefeito, para entender que outras alternativas poderíamos ter em complemento à eletrificação na cidade de São Paulo. Nas discussões a gente percebe que o gás, quando a gente fala num ônibus movido a gás, também movido a gás natural ou biometano, a gente entende o biometano, sim, como redução expressiva de CO2, chegando até 90%, se mostra um produto com custo operacional e com um desafio de infraestrutura relativamente simples. Apenas ter os tanques de abastecimento dentro de uma unidade e você consegue ter os ônibus operando, é um processo mais simples. Então você consegue andar hoje na prefeitura de São Paulo, ou em qualquer capital do Brasil, ou em qualquer operação urbana do Brasil, tanto com ônibus elétricos, como com ônibus a gás e também com os ônibus a diesel. Então nós vamos conviver certamente com essas três tecnologias e a gente percebe que para a prefeitura de São Paulo, parece que o gás também surge como uma boa alternativa para acelerar a renovação e trabalhar com produtos mais sustentáveis.
A Scania participou daquele seminário que teve início no dia 25 de março sobre o biometano e o GNV, mas principalmente o biometano na cidade de São Paulo, nos transportes da cidade de São Paulo. A gente acompanhou representantes da Scania, que já fornece caminhões a biometano na cidade de São Paulo. Quais são as estimativas? Já há, por exemplo, modelo para uma pronta entrega logo definida a política pública?
Vamos lá, do ponto de vista de veículos, de caminhões, o projeto já está indo muito bem. Nós já temos hoje caminhões a gás operando na coleta de lixo, temos hoje caminhões a gás na operação portuária e quando você fala de ônibus especificamente dentro da cidade de São Paulo, nós vamos começar os testes mais adiante para que a gente comprove o desempenho operacional do produto, a flexibilidade que esse produto oferece em termos de abastecimento e ajudar, se necessário por a própria prefeitura de São Paulo, a construir os abastecimentos através do fornecimento de biometano. A gente percebe claramente que os veículos estão já disponíveis, nós já comercializamos, por exemplo, 15 unidades a gás para a prefeitura de Goiânia, então o gás já é uma realidade e São Paulo começa a entender que essa é mais uma opção e certamente a gente vai conseguir suprir com o nosso volume de produção.
Sobre essa de Goiânia, quando vai ser a entrega? Como são esses modelos?
Nós já entregamos a primeira unidade que está rodando com eles, já está começando a operação e as demais estão em processo de entrega e produção, entrega aqui até o começo de julho, mais tardar agosto. Então nós temos um processo de entrega com eles e agora os testes, nós estamos ativando algumas unidades para testar não apenas em São Paulo, mas em outras regiões do Brasil. Nós temos demanda para o Mato Grosso do Sul, para o Paraná, Rio Grande do Norte, Pernambuco. Então a gente percebe que o gás começa a despontar como mais uma alternativa no transporte urbano, não apenas em São Paulo, mas especialmente em outras capitais do país.
Na capital paulista, já teve alguma conversa com o operador? Ainda vai ser realizado teste, vai ser realizada a demonstração do produto, mas já teve conversa com o operador já de transporte?
Sim, a gente conversa com alguns operadores, a Scania opera em parceria com a Caio, nós estamos fornecendo chassi, a Caio está oferecendo a carroceria, para juntos a gente fazer esses testes aqui na cidade de São Paulo. E sim, já começamos as discussões com os operadores, porque o trabalho da Scania está focado não apenas na venda do produto, mas especialmente quando a gente fala em ter a infraestrutura preparada. Naturalmente a infraestrutura do gás é muito mais simples, mas mesmo assim precisamos saber se eles estão preparados para receber o gás, se eles têm os tanques preparados, se eles têm as rotas definidas, como que vai funcionar a operação e se tem o biometano, se nós podemos ajudar a eles a alcançarem o biometano para que reduza de fato o CO2. Então a gente pensa não apenas no produto, em parcerias para desenvolver a infraestrutura, como fizemos nos caminhões, porque ao longo dos últimos 5, 6 anos, como a Scania foi a primeira empresa a trazer os veículos a gás no Brasil, nós desenvolvemos corredores azuis, parcerias com transportadores, embarcadores, distribuidores e produtores de gás. O ônibus não será diferente. Ao mesmo tempo que discutimos com operadores e com as prefeituras e com as cidades, a gente começa a discutir também com os stakeholders, para que a gente possa ter a disponibilidade do gás no segmento urbano.
Alex, você falou da importância e da presença da Scania com ônibus já no processo de eletrificação da cidade de São Paulo, são mais de 200 ônibus elétricos, claro, o chassi Scania, 15 metros, com a tecnologia da Eletra e na capital paulista a predominância mesmo da carroceria Caio. Agora, a gente acompanhou no ano passado, fomos até a planta da Scania em São Bernardo do Campo. Sobre o Scania elétrico puro-sangue, o Scania que está rodando hoje 15 metros, 3 eixos, agora esse Scania, ele é até 13,2 metros, 13,5 metros, 2 eixos. Como que está? Já vai ter entrega? Como que está a produção desse ônibus puramente, digamos assim, vai puro-sangue elétrico Scania?
Esse é um bom ponto, a Scania anunciou na LatBus no ano passado, o início das suas operações com ônibus elétrico no Brasil, inclusive a Scania está começando a eletrificação com os veículos elétricos, com os ônibus e naturalmente a gente começa a produzir agora a partir de maio, nós temos todo um ramp-up de produção e as entregas começam a acontecer a partir de setembro. Por outro lado, nós já temos uma unidade pronta, no qual a gente deve iniciar os testes agora no início de maio, com alguns operadores aqui na cidade de São Paulo, justamente para a gente testar o conceito, testar o modelo de negócio, como fizemos em parceria com a Caio, a Eletra e a WEG nos modelos de 15 metros. Então nós temos um modelo de 15 metros em parceria e temos também a opção do nosso veículo, como você bem chamou, o puro-sangue, mas é um ônibus que também vem para rodar nas carrocerias de 13, 20 até 14 metros e esses veículos passam a ser entregues a partir de setembro, a partir do momento que os negócios passam a acontecer e serem fechados
E já tem uma estimativa de números de ônibus dessas unidades puramente Scania que vão ser comercializadas, que já estão encomendadas?
Nós temos algumas unidades que já foram encomendadas, cerca de 30 unidades. Por outro lado, a nossa capacidade de entrega esse ano ainda começa a crescer, então a gente deve entregar entre 10 e 15 ainda esse ano e possivelmente a partir de janeiro, fevereiro do ano que vem a gente consegue entregar um volume bem maior ao longo do ano. Mas a Scania vem se preparando, nosso ciclo de investimentos na indústria foi muito forte ao longo dos últimos 12 anos e esse último ciclo de 2 bilhões de 2024 até 2028 nos permite antecipar e trazer o ônibus elétrico e a partir de setembro começar a entregar as primeiras unidades e a partir de 2026 ter uma escala bem maior do que a gente tem iniciado.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaboraram Vinícius de Oliveira e Yuri Sena

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