Os trólebus completam 76 anos no Brasil nesta terça-feira, 22 de abril de 2025. Desde quando começaram a rodar comercialmente em 1949, na cidade de São Paulo, o primeiro sistema brasileiro, estes veículos evoluíram bastante e hoje podem, inclusive, funcionar em longos trechos independentemente da rede de fiação aérea.
Especialistas defendem que os trólebus sejam ampliados na capita paulista como alternativas de menor custo que os ônibus elétricos somente a bateria, em especial nos corredores e BRTs (sistemas de maior capacidade que corredores comuns) que estão sendo construídos ou estão nos planos da prefeitura. Ao todo, no Plano de Metas 2025-2028 são previstos 53 km. – Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2025/04/01/prefeitura-de-sao-paulo-divulga-metas-ate-2028-onibus-biometano-22-mil-coletivos-53-km-de-corredores-vlt-terminais-aquatico-e-novo-cco-da-sptrans-na-mobilidade/
A defesa dos trólebus reverbera até mesmo dentro da gestão, mas o prefeito Ricardo Nunes não sinaliza para ampliar a rede, apesar das dificuldades do avanço dos ônibus somente com baterias por falta de infraestrutura nas garagens.
Membro do Comfrota, o comitê da própria prefeitura que acompanha a troca de frota, o engenheiro da USP, Olímpio Álvares, diz que existe um tipo de veículo, denominado E-Trol, que roda tanto conectado à rede aérea como fora dela, mas como carrega enquanto opera, requer menos baterias e infraestruturas menores nas garagens.
“Eles têm sido aplicados em novos corredores na Europa, de forma competitiva. E aqui será algo semelhante porque a Eletra está fabricando esses e-Trols, que são esses trólebus novos agora que têm um banco pequeno de baterias que dá autonomia durante um bom trecho da linha. Então eles ficam rodando independentemente da existência ou não da linha aérea para carregamento dos veículos. Acredito que eles são uma alternativa ótima para novos corredores de São Paulo e para substituir os trólebus mais antigos, que estão precisando ser substituídos no sistema. Então acredito que eles sejam competitivos, se não eles não estariam sendo usados na Europa, que tem uma diversidade grande de alternativas para rodar em corredores.” – disse Olímpio.
O projetista de infraestrutura de Rede de Contato para Tração Elétrica e consultor, Jorge Françozo de Moraes, do Movimento Respira São Paulo, uma ONG de técnicos, integra um estudo que mostra que a rede de trólebus pode, inclusive, gerar energia para ampliar a circulação de ônibus somente no modo bateria e diz que só metade da capacidade da rede atual é aproveitada.
“A rede de trólebus de São Paulo foi totalmente renovada e possui potência instalada de 30.000 kW. Somente a metade dessa potência é utilizada, então pode alimentar os novos trólebus com baterias. As vantagens desses trólebus são as seguintes, redução em 100% das paralisações, graças à autonomia das baterias, simplificação da rede aérea e elimina a necessidade da implantação de subestação de grande porte na garagem, com custo elevado. Portanto, não podemos perder esse patrimônio histórico da cidade.”
A diretora de uma empresa que produz este tipo E-Trol, Ieda Oliveira, da Eltra,diz que o modelo pode custar até 30% mais barato que um modelo somente com baterias e que a vida útil pode ser 40% maior.
“Ele é mais barato. Por quê? Quando a gente fala do ônibus, quer dizer, o mesmo sistema de tração, a diferença é que ele tem um terço da bateria que teria um elétrico puro, então você já tem uma economia grande aí do ponto de vista da bateria. Segundo ponto, essa bateria nesse sistema, não é como o elétrico, que você usa o dia inteiro e carrega a noite, a gente chama recarga completa, um ciclo de bateria. Não, ele descarrega um pouco e já carrega, ele descarrega um pouco e já carrega, então essa bateria a expectativa do fabricante é que ela tenha 30, 40% a mais de vida útil no sistema. Então se a gente prever que num sistema com ônibus elétrico a bateria vai durar 8, 9 anos, nesse sistema ela vai passar dos 12 anos.”- explicou Ieda.
Este tipo de ônibus deve operar no corredor BRT-ABC que está sendo construído entre cidades do ABC e a capital paulista.
TRÓLEBUS “PURO”:
Mas não são apenas os veículos do tipo “E-Trol” que se modernizaram e se mostram viáveis hoje em dia.
Diversos sistemas de transportes pelo mundo investem ainda no tipo “trólebus puro”, inclusive no Brasil.
O Corredor Metropolitano ABD, entre São Paulo e cidades do ABC, recebeu no primeiro trimestre de 2025, uma frota de 10 trólebus zero quilômetro que não são E-Trol e, nem por isso, deixam de ser modernos e de incorporar tecnologias avançadas.
Da marca Eletra, de 21,5 metros, com chassis Mercedes-Benz e carrocerias Caio, com tecnologia inédita e diferente dos trólebus que já rodam pelo Corredor, os veículos foram comprados pela concessionária NEXT Mobilidade.
As novas unidades foram desenvolvidas para substituir os modelos mais antigos e, por serem maiores, de 21,5 metros, aumentaram a capacidade do Corredor ABD, ampliando a quantidade de assentos e vagas disponíveis para os passageiros.
Veja mais detalhes em:
VEJA ENTREVISTA COMPLETA COM IEDA, DA ELETRA:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes